quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Meu novo mantra

Terminei de ler Comer Rezar Amar
Gostei e fiquei com muita vontade de fazer como a autora, meditar, me refazer, me encontrar. Nem preciso viajar como ela para isso, mas gostaria de fazer um retiro espiritual, na paz, no silêncio, orando, recolhendo boas energias, sinto vontade disso.

A dor da vida humana é causada é causada pelas palavras, assim como toda a alegria. Nós criamos palavras para definir nossa experiência, e essas palavras trazem consigo emoções que nos sacodem como cães em uma coleira. Nós somos seduzidos por nossos próprios mantras (Eu sou um fracasso...Estou só...Eu sou um fracassado...Estou só...), e nos transformamos em monumentos a esses mantras. Passar algum tempo sem falar, portanto, é uma tentativa de se desvencilhar do poder das palavras, de parar de nos asfixiar com as palavras, de nos libertar de nossos mantras sufocantes.

(...) No meu nono dia de silêncio, fui meditar certa tarde na praia na hora em que o sol estava se pondo e só tornei a me levantar depois da meia-noite. Disse a minha mente: "Essa é a sua oportunidade, mostre-me tudo que a está te deixando triste. Mostre-me tudinho. Não esqueça nada". Um por um, os pensamentos e recordações de tristeza ergueram a mão e se levantaram, identificando-se. Eu olhava para cada pensamento, para cada unidade de tristeza, reconhecia sua existência e sentia (sem tentar me proteger daquilo) sua terrível dor. Então dizia aquela tristeza:" Tudo bem, eu te amo, eu te aceito. Agora entre no meu coração. Acabou". Eu realmente sentia a tristeza ( como se ela fosse uma coisa viva) entrar no meu coração (como se este fosse um aposento de verdade). Então dizia:"Quem é o próximo?", e o pedacinho de dor seguinte surgia. Eu o reconhecia, vivenciava-o, abençoava-o e convidava-o a entrar também no meu coração. Fiz isso com casa pensamento triste que já havia tido - recorrendo a anos de memória - até não sobrar mais nada.
Então eu disse à minha mente:"Agora mostre sua raiva para mim". Um por um, todos os incidentesde raiva da minha vida foram surgindo e se apresentando. Todas as injustiças, todas as traições, todas as perdas, todas as zangas. Eu olhava para todas elas, uma por uma, e reconhecia sua existência. Sentia cada pedacinho de dor de forma completa, como se estivesse acontecendo pela primeira vez, e então dizia:"Agora entre no meu coração. Lá você vai poder descansar. Agora está tudo bem. Acabou, eu te amo". Isso durou horas, e eu oscilava entre os dois poderosos polos de sentimentos contrários - durante um instante uma tremenda intensidade, vivenciada a raiva e, em seguida, era acometida por uma calma total, à medida que a raiva entrava no meu coração como se passasse por uma porta, deitava-se, enroscava-se junto as suas irmãs e desistia de lutar.
(...)

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